Sim, esperança, é o que acabou, perdi, me falta, desapareceu.
Esperança de dias sem dor, de dias melhores, de confiança, de amor, de satisfação, de confiança, de paz, de tudo.
Simples assim.
Não tenho mais esperança.
Sinto que errei em ser mãe, pois nunca senti prazer em nada neste percurso, da gravidez aos dias atuais, foram dias de muita dor, preocupação, aborrecimentos, irritações, noites sem dormir, dias laboriosos, decepções, nada de bom até agora, nada, e olha que já se passaram mais de 30 anos.
Quarto casamento fracassado, estou num nível de estresse com esse casamento que o simples "dormir no mesmo quarto" me deixa desanimada, já se vão mais de 22 anos nesta saga.
Estudei muito, muito, muito, muito, mas muitos muito não serão suficientes pra conseguirem entender o quanto estudei pra ser o nível de profissional que sou, mas... aos 51 anos não me sinto mais disposta a lutar pela minha profissão, seja por causa do meio em que vivo, em que trabalho, seja pela cidade em que moro, seja pela desvalorização pelo fato de eu ser mulher, seja pelo parco entendimento da necessidade dos trabalhos da minha profissão em uma empresa, já se vão 37 anos de profissão.
Não sinto vontade de me arrumar, de me empetecar, de me sentir feminina, de me cuidar, este desejo nunca foi forte em mim, e nos últimos anos ele praticamente foi extinto.
Ajudo, sempre que possível todo mundo, tenho um sério problema em dizer não, seja na resolução de problemas, seja com soluções das mais variadas necessidades... mas quando preciso, não tenho ninguém que me ajude, seja do mais simples problema ao mais complexo. Sou eu e eu. E eu já não me basto mais há muitos anos. Meus problemas de saúde só se agravaram, a ponto de eu precisar de ajuda pra me vestir alguns dias, de ajuda pra sair ou entrar de um carro, de ajuda pra simplesmente levantar da cadeira.
Estou vivendo em um meio que me deprime, que me adoece, que me destrói, eu sei! Tenho plena consciência disso... como citei já, sou eu e eu. Se eu não posso me oferecer algo melhor, só me resta o que tenho. Assim vou-me indo, fracassando tbem na minha vontade de viver.
Não exponho mais o que sinto, seja dor, fúria, revolta, nojo, tristeza, amor... é inútil demonstrar isto quando ao seu redor só existem pessoas que não se importam.
Também estou aprendendo a me controlar sobre falar com sinceridade com as pessoas, estou aprendendo a mentir quando me falam "e aí? como vc tá?", estou forçando a minha cabeça entender que a pessoa realmente não quer saber e não se importa com a resposta verdadeira... ela, na verdade, nem quer ouvir nada, no máximo só um sorriso de retorno basta.
O mundo não se importa, não tão nem aí pra vc e pelo que vc passa.
Se uma médica que nunca te viu, que não sabe teu histórico, tem a capacidade de te esculhambar e te por pra baixo, sendo que vc foi lá confiando que a pessoa iria te ajudar, mas tudo que importa pra ela é cumprir a cota de pacientes do dia e receber o salario no começo do mês, foda-se se a pessoa que ta na frente dela precisa de ajuda, ela não se importa.
Desisto de lutar contra tudo isso. Vou seguir o fluxo e aprender a ser invisível e insensível, guardar tudo o que sinto só pra mim, vou adoecer (mais) com isso? Foda-se, ninguém se importa.
Hoje, eu posso ser alguém sem importância na sua vida, mas sei que você foi sincero e verdadeiro. Desculpe se eu não soube retribuir o seu carinho. Desculpe se não valorizei o seu amor. Desculpe se te magoei, te fiz sofrer, te deixei sozinho. Desculpe se não fui a pessoa que você sonhou, mas saiba que guardo na memória os nossos momentos, as risadas, as conversas, os abraços, os beijos. Saiba que respeito a sua história e os seus sentimentos.
Desejo que você seja feliz, que você realize os seus desejos e espero que algum dia, quando escutar o meu nome ou sobrenome, você não sinta raiva, nem rancor, nem dor. Espero que você sorria e pense: "essa maluca já me amou loucamente" e que você lembre de mim com alegria e com amor! (adaptado)
